Como acontece?
O assédio moral ocorre quando uma pessoa é repetidamente colocada em situações degradantes e constrangedoras, prejudicando sua dignidade e podendo afetar sua saúde mental. Devido à sua natureza repetitiva e acumulativa, o assédio moral muitas vezes é difícil de ser detectado e denunciado.
Comumente, o ato isolado é minimizado, contudo, os efeitos do assédio podem se estender para além da vítima, criando um ambiente de trabalho negativo que pode encorajar outros a participar do assédio e isolar o alvo para proteger sua própria posição.
Ambientes que favorecem o assédio moral são aqueles onde o poder de gestão, regulamentação, fiscalização e disciplina é utilizado para promover a uniformidade e a padronização, ignorando a dignidade dos indivíduos e desconsiderando a força criativa que surge da diversidade de ideias.
No assédio moral organizacional, as ferramentas de gestão são empregadas para eliminar qualquer forma de subjetividade que não se encaixe no padrão estabelecido, independente da posição hierárquica.
Como gestores e funcionários estão inseridos em um contexto social mais amplo, o assédio moral no local de trabalho frequentemente recai sobre grupos marginalizados, como pessoas LGBTQIA+, mulheres, negros, idosos, imigrantes e minorias étnicas. Também pode ocorrer discriminação quando o agressor sente que seu poder está sendo ameaçado pela orientação política ou pela trajetória acadêmica ou profissional da vítima, adotando uma postura agressiva para excluir aqueles que não possuem as credenciais pessoais ou ideológicas desejadas.
Comportamentos que podem caracterizar o assédio moral
- Retirar autonomia dos trabalhadores ou privá-los de acesso aos instrumentos de trabalho;
- Sonegar informações úteis para a realização de suas tarefas ou induzi-los ao erro;
- Contestar sistematicamente todas as suas decisões e criticar o seu trabalho de modo exagerado ou injusto;
- Segregar a pessoa assediada no ambiente de trabalho, seja fisicamente, seja mediante recusa de interação;
- Entregar, de forma permanente, quantidade superior de tarefas comparativamente a seus colegas ou exigir a execução de tarefas urgentes de forma permanente;
- Agredir verbalmente, dirigir gestos de desprezo, alterar o tom de voz ou ameaçar com outras formas de violência física;
- Atribuir, de propósito e com frequência, tarefas inferiores ou superiores, distintas das suas atribuições;
- Criticar a vida privada, as preferências pessoais ou as convicções da pessoa assediada;
- Controlar a frequência e o tempo de utilização dos banheiros;
- Espalhar boatos ou fofocas a respeito da pessoa assediada, ou fazer piadas, procurando desmerecê-la ou constrangê-la;
- Pressionar para que não exerçam seus direitos estatutários ou trabalhistas;
- Desconsiderar problemas de saúde ou recomendações médicas na distribuição de tarefas;
- Dificultar ou impedir promoções ou o exercício de funções diferenciadas;
- Dificultar ou impedir que gestantes compareçam a consultas médicas fora da empresa;
- Interferir no planejamento familiar das mulheres, exigindo que não engravidem;
- Desconsiderar recomendações médicas às gestantes na distribuição de tarefas;
- Desconsiderar sumariamente a opinião técnica da mulher em sua área de conhecimento.
O perfil da vítima poderá diferenciar as práticas, por isso é essencial conhecer exemplos específicos de assédio moral praticado contra as mulheres.
Gestão e Prevenção
É crucial, no dia a dia, seguir rigorosamente as responsabilidades atribuídas a cada função. O gestor precisa entender o papel de cada funcionário(a), as tarefas específicas do cargo, o volume de trabalho necessário e os prazos para realização dessas tarefas. Além disso, a comunicação deve ser sempre acessível ao delegar responsabilidades, definindo as tarefas de forma precisa para garantir que sejam realizadas.
A gestão baseada em princípios não-violentos valoriza a aceitação das diversidades, reconhecendo que essas diferenças podem ser vantajosas para a produção, mesmo que tornem o gerenciamento mais desafiador.
Tentar eliminar essas diferenças pode levar a conflitos e desgastes. Da mesma forma, exigir que o trabalhador se dedique completamente ao projeto da empresa, sacrificando seu tempo pessoal, é uma abordagem que desrespeita a individualidade e pode criar um ambiente de trabalho negativo, onde a eficiência é alcançada através de níveis crescentes de tensão e hostilidade.