Uma pesquisa inédita do Centro de Análise da Sociedade Brasileira (Casb), divulgada na última sexta-feira (9), revela que os trabalhadores brasileiros estão cada vez mais em busca de melhores rendas, direitos e proteção social. O estudo, intitulado “As classes trabalhadoras”, destaca que a insegurança financeira e a precarização das condições de trabalho têm sido os principais fatores que impulsionam a demanda por mais direitos trabalhistas.

Entre os adultos brasileiros que dependem do trabalho para viver, quatro em cada dez relataram sentir-se sob risco psicológico. Esse mesmo grupo já fez, está fazendo ou acredita que precisará recorrer a medicamentos psiquiátricos. Além disso, três em cada dez trabalhadores precisam realizar mais de uma atividade para complementar a renda. Os responsáveis pelo estudo atribuem esses números à precarização do trabalho e à insegurança financeira que afeta grande parte da população.

Em relação aos direitos trabalhistas, 79% dos entrevistados mencionaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 69% citaram o seguro-desemprego como benefícios desejados. Para os pesquisadores, esses resultados refletem uma clara demanda por bem-estar e seguridade social.

A pesquisa foi realizada em duas etapas entre novembro e dezembro de 2023. Na fase quantitativa, 4.017 trabalhadores, com idades entre 18 e 55 anos, foram entrevistados. Na etapa qualitativa, conduzida entre junho e julho de 2023, o estudo envolveu 14 grupos focais de trabalhadores de plataformas digitais, como motoristas, entregadores, e profissionais de beleza, cuidado e limpeza, todos de São Paulo e região metropolitana.

Os trabalhadores entrevistados na fase qualitativa apontaram uma deterioração nas relações com as empresas de plataformas digitais, destacando questões como exploração, sobretaxas e a falta de direitos. O relatório da pesquisa indica que esses trabalhadores exigem a extensão dos direitos da CLT, especialmente no que diz respeito a assistência em casos de doença, acidente e gravidez, refletindo o medo do desemprego e da falta de renda.

As pesquisas foram organizadas pelo Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo, sob a coordenação da Comissão Organizadora do Casb.

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